terça-feira, 31 de janeiro de 2006

A água nossa de cada dia

Ao vivermos um ano em que a Igreja se propõe o aprofundamento do tema "Água", aja visto que o tema da Campanha da Fraternidade deste ano reflete justamente isso. Podemos dizer o quanto é oportuna essa reflexão pelo fato de estarmos vivendo um momento da história do planeta, cuja temática é a preocupação pertinente e, se alguma coisa não for feita, dentro de muito pouco tempo faltará água em nossas torneiras.

Pois é, a água tem toda uma simbologia em sua volta que não há uma dimensão específica, cada uma tem uma forma de vê-Ia, de dar a ela um significado. Para uns é símbolo de purificação, de vida, libertação, etc. Quero aqui, de forma muito resumida, falar um pouco deste simbolismo na história do povo de Deus a partir da Bíblia, nosso livro Sagrado.

Já no primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, capítulo 1, versículos 1 e 2, nos diz que "no princípio Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia, as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso (forte) soprava pelas águas. Deus disse: 'que haja luz!' e a luz começou a existir".

O vento aqui representa o Espírito de Deus que através das águas, faz da escuridão, do nada, surgir todas as maravilhas de sua criação.

Através das águas, deste nada, foi gerada a vida, das trevas se deu a luz. Portanto, podemos definir neste aspecto que água é vida.

Seguindo por esta reflexão vemos que depois de toda obra da criação ter sido completa, de Deus ter visto "que tudo era bom" e que, dentre todas, a maior foi o homem e mulher criando-os "à sua imagem e semelhança". Porém esse homem e mulher traem a confiança de Deus. Mas, misericordioso como o é, dará uma nova oportunidade, através de Noé, pelas águas do dilúvio renasce uma vida nova, o recomeço da história.

Diante disso, mais uma vez o homem vai trair o plano de Deus migrando-se para o Egito e lá é escravizado por muitos anos. Mas Deus envia Moisés, tirado das águas do Rio Nilo para tomar-se um grande líder de seu povo e da história, que ouvindo ao chamado na "Sarça Ardente", lutou contra o Faraó, caminhou com o seu povo até a "Terra Prometida". Para lá chegarem, o povo teve de ser lavado pelas águas do Mar Vermelho, águas estas que se fazem presentes novamente na história como símbolo da passagem da morte para a vida, da escravidão para a liberdade. Portanto, água é libertação.

Depois de já terem se estabelecido na Terra Prometida e sem a liderança de Moisés, o povo se divide, há divisões de terras, surgem reis e, diante destas divisões, Deus vai enviar os Profetas para anunciar a vinda do Messias e aí a humanidade tem sua última oportunidade de concretizar a vivência plena de paz, amor e solidariedade, sonhado por Deus.

E aconteceu que nasce Jesus, o Messias, que vem "Para que todos tenham vida e em abundância”. Ao completar trinta anos vai iniciar sua missão, mas antes Ele é batizado nas águas do Rio Jordão, passando pelas águas, vai para o deserto onde é tentado por quarenta dias e quarenta noites e supera essas tentações. Este é o aspecto da resistência.

Então água é para nós, sinônimo de Criação, de vida nova, de libertação e de resistência.

Não é demais lembrar que nós também passamos pelas águas do Batismo para vivermos esta vida nova em Cristo e permitir que Deus faça brilhar em nós uma nova luz para que a humanidade possa se renovar, "revestidos de um Espírito novo” encontrar seu verdadeiro caminho de muita paz.

Leonardo J. D. Campos
Informativo São Geraldo e Comunidades
Janeiro de 2006 – Ano IV – nº 44 – Página 03
Santo André, SP