terça-feira, 27 de março de 2012

 Por uma região cada vez melhor 

Em nossa região há uma enorme diversidade de povos e culturas que fazem dela um berço de lutas, de criações e de realizações. São pessoas que vão e que vem buscando “seu lugar ao sol”, mostrando sua arte; pessoas que trabalham escrevendo sua história, ajudando a construir este país. 

Não é possível falar do ABCDMRR, sem falar de seu papel de protagonista exercido no processo de lutas dos trabalhadores e trabalhadoras, debaixo de cassetetes e de repressão, pela transformação social e política do Brasil. 

Nossa Região é referência em diversas políticas públicas, em organização de importantes e diferentes formas de organização dos movimentos sociais, como conselhos, pastorais, movimentos etc. Quero aqui dar destaque para um importante mecanismo de organização do movimento social, criado em 2008, que é o Fórum social do ABCDMRR. 

Este Fórum nasce após a realização da primeira jornada cidadã de ações sociais, em São Bernardo do Campo (2007), durante os debates da segunda jornada em Santo André (2008). De lá até aqui o Fórum assumiu o papel de pautar importantes temas como o da saúde, culminando com o lançamento da cartilha da saúde, na terceira jornada em Mauá (2009); a questão racial como centro das ações da quarta jornada em Diadema (2010); a juventude como tema transversal e como foco das ações e debates realizados na quinta jornada em São Caetano do Sul (2011). 

Em 2012, ano eleitoral, não podemos nos furtar em debater propostas concretas para serem inseridas nas plataformas de nossos prefeituráveis. Neste sentido iremos organizar debates em todas as sete cidades de nossa região, com diversos temas: Meio ambiente e sustentabilidade em Rio Grande da Serra; Saúde em Ribeirão Pires; Direitos Humanos em Mauá; Movimento Sindical em Santo André; Diálogo Interreligioso em São Caetano do Sul; Cultura em São Bernardo do Campo; Economia Solidária em Diadema. 

Também em 2012 realizaremos a sexta jornada cidadã, obedecendo ao sistema de rodízio, em Rio Grande da Serra, no dia 10 de novembro, refletindo o tema “sustentabilidade sob o olhar dos movimentos sociais”. 

Nestes diferentes caminhos trilhados pelo fórum, muitos são os parceiros sociais e institucionais que se dispõem em nos ajudar. Neste sentido, é oportuno prestar aqui nossas homenagens a CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) da CUT, que neste dia 23 de março, completa 20 anos de lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras em todo o país e que sempre é um destes parceiros de primeira hora, presente em todas as nossas jornadas, apoiando nossas lutas e incentivando nossas conquistas. Parabéns! 

Assim, é possível perceber que há uma chama acesa que insiste refletir esperanças, continuam a mostrar caminhos e possibilidades que apontam novas conquistas, visando uma região cada vez melhor para se viver. 

Como diria o grande poeta português, Fernando Pessoa: “tudo vale à pena, se a alma não for pequena”. Que não sejam pequenas nossas esperanças, nossas conquistas, nossos sonhos; que seja grande nossa disposição de ver estes sonhos e esperanças, uma verdadeira realidade.

 

Leonardo J. D. Campos
Artigo publicado no Jornal ABCD Maior - 27 a 29 de marçao 2012 - Caderno Opinião - Pág. 2

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pela paz consentida

Tem uma frase muito conhecida, da letra da música “eu só peço a Deus”, composição de Leo Gieco e Raul Elwanger, interpretada por diversas vozes, que diz: “Eu só peço a Deus que a injustiça não me seja indiferente, pois não posso dar a outra face se já fui machucado brutalmente”. Esta pequena parte da linda composição me remete a refletir sobre tantas formas de injustiças em nossa sociedade que passam despercebidas, por razões diversas, como, indiferença, comodismo, senso comum etc.

Fazendo menção à frase acima, percebo as tantas marcas brutais da violência em nosso país, violência de toda ordem às quais não é possível ser indiferente, ser conivente.

A violência contra a mulher, por exemplo, atinge dados assustadores no Brasil, onde a cada quatro minutos uma mulher é agredida em seu próprio lar, por uma pessoa com quem mantém uma relação de afeto; vinte e três por cento das mulheres brasileiras estão sujeitas à violência doméstica, dados publicados pela Sociedade Mundial de Vitimologia (http://www.worldsocietyofvictimology.org/).

Infelizmente, este cenário é amplamente conhecido por nós, mas me parece que a informação de que tantas barbaridades cometidas contra a mulher de todas as idades, não chegou ao conhecimento do bispo da Arquidiocese de Guarulhos (SP) dom Luiz Gonzaga Bergonzini, ao declarar em entrevista, ao jornal Valor Econômico, à jornalista Cristiane Agostine: “Vamos admitir até que a mulher tenha sido violentada, que foi vítima… É muito difícil uma violência sem o consentimento da mulher, é difícil”.

Senhor bispo, admita você, porque a única coisa que posso admitir ao ler esta afirmação é a minha indignação, a minha repulsa... Jesus Cristo, defensor da vida e da vida em abundância, talvez repetiria agora a sua célebre frase “Pai, perdoai-lhe”.

Justificar a violência como algo consentido é como dizer que eu gosto de ser violentado, que eu gosto de sofrer, que o sofrimento é algo aceitável. Convenhamos, ninguém, em sã consciência gosta de sofrer. Portanto, não há justificativa para a violência, ainda mais partindo do pressuposto acima.

Pela paz consentida, quero continuar acreditando na humanidade, nos direitos humanos, na vida como algo inviolável, nas relações humanas na sua essência, na justiça em todos os níveis; quero para minha filha, para todas as mulheres e homens a liberdade de viver esses valores; quero para todas as pessoas o direito e o dever de respeitar os caminhos dessa liberdade; quero que todas as feridas de qualquer ordem sejam estancadas sem cicatrizes, em favor da vida. 

Leonardo J. D. Campos