sexta-feira, 19 de março de 2010

Desafios e possibilidades 

O ano de 2010, início de uma nova década, chegou carregado de expectativas. Estamos todos, sociedade civil, governos, terceiro setor, iniciativa privada, movimentos sociais enfim, todos e todas, preocupados com o ambiente em que vivemos. Isto exigirá de cada um de nós reflexões, mudanças de postura e muita consciência.


Primeiro porque iniciamos uma nova década, que traz como desafio principal a questão ambiental. É só olhar o tamanho das catástrofes que vêm ocorrendo mundo afora. Segundo porque é ano de Copa do Mundo e, como todos sabemos, o mundo se volta para esse grande evento esportivo e se esquece de olhar para coisas tão e mais relevantes. Terceiro porque é ano de eleição no Brasil. Teremos eleição presidencial, elegeremos também senadores, deputados federais e estaduais, além de governadores.


De olho em assuntos tão importantes, concluo que a reflexão a ser feita precisa considerar a responsabilidade para escolher quem estará à frente da política, em cada instância de poder, mas, fundamentalmente, na presidência da República, pois além de ser o posto de maior importância nesta nação, seu, ou sua, ocupante imbui-se de grande poder de influência sobre todas as esferas de decisão.


É importante ressaltar os avanços que presenciamos no Governo LULA, em todos os setores, a participação social, da elaboração à implementação de políticas públicas, jamais vistas na história desse país. Destacam-se neste quesito, a humanização do trabalho na lavoura de cana de açúcar, os fóruns de debates, como as conferências realizadas em praticamente todas as áreas de atuação do governo, as discussões do plano nacional de educação, de segurança pública e tantos outros.


Novamente estamos diante da possibilidade de fazermos nossa escolha, de aprimorar nosso exercício maior de cidadania que é o voto. É hora, portanto, de pensar sobre em que Brasil queremos viver. Podemos voltar a viver em um país retrógrado, onde não podemos nos expressar, podemos voltar a viver em um país endividado, sob a tutela do FMI e do Clube de Paris, como podemos continuar vivendo em um país que promove a justiça social e que defende a soberania nacional. Só depende de nós.


Que nossas bandeiras continuem tremulando de alegrias, esperanças e certezas.


Leonardo J. D. Campos
Artigo publicado no Jornal ABCD Maior - De 19 a 22 de março de 2010 - Caderno Opinião - Pág. 2

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Movimento popular em movimento


Quero voltar no tempo para relembrar a organização popular nas tantas lutas, operárias, dos sem terra, das associações de bairros, estudantil etc, que movimentavam massas em prol de objetivos claros que se transformavam em bandeiras, que às vezes demoravam anos (muitas delas permanecem até hoje) para avançar nas conquistas.


Só para citar alguns nomes que carregaram estas bandeiras, com os quais convivi: Eunice Germana Correa, a Dona Geralda M. Silva, os saudosos Miguel Ângelo dos Santos e Vicente Rosa entre tantos outros, pessoas simples que ficaram longe dos holofotes das mídias e que se fizeram presentes nessas lutas por creche, pavimentação de ruas, saneamento básico e muitas outras.


Se olharmos os dias de hoje, podemos perceber um esvaziamento dos movimentos de massa, acredito que seja pela falta de perspectivas. Alguns sinais estão aparecendo para tentar resgatar essa condição “perdida”. O Fórum Social Mundial é um delas. Na nossa Região temos o Fórum Social do ABC e, fora isso, temos poucas iniciativas, como o MST, o Movimento de Mulheres, de Saúde etc.


Hoje, ao ver tudo isso, percebo que as pessoas se apegam a alguns fenômenos que penso estar “substituindo” as lutas: o primeiro foi a institucionalização de algumas lideranças que foram ocupar espaços em governos, enfraquecendo os movimentos. O segundo é o imediatismo onde as pessoas buscam os “milagres”, esperando que uma força suprema resolva os problemas, tanto os individuais como os coletivos. O terceiro, menos maléfico, é a solidariedade diante de situações específicas onde as pessoas ajudam com alimentos, roupas, dinheiro etc e se bastam como satisfeitas, acreditando já estarem fazendo a sua parte para “mudar o mundo”.


É preciso reconhecer os avanços já alcançados. O Brasil tem um operário no posto mais elevado de comando do país, tem a lei Maria da Penha, o Estatuto do Idoso, o ECA e tantas outras leis que são frutos dessas lutas. Mas, não podemos parar e deixar estacionados nossos sonhos. É urgente uma reflexão sobre o papel dos movimentos no século XXI, repensar ações e formas de atuação para manter viva a chama da construção de um mundo melhor, de paz e de justiça social.

 

Leonardo J. D. Campos

Artigo publicado no Jornal ABCD Maior - De 29 de janeiro a 1 de fevereiro - Caderno Opinião - Pág. 2